sexta-feira, 3 de maio de 2013

PRINCESAS DOUTRINÁRIAS



No Brasil Colônia eram grandes os choques no plano físico. Mas, no mundo espiritual, os planos prosseguiram com naturalidade, objetivamente. Enquanto os conflitos sociais agitavam a superfície dos males da alma e do corpo, o espírito prosseguia tranqüilo nas suas tarefas de reajustes. Nesse período surgiu o episódio das Princesas de Mãe Yara, reunidas na Cachoeira do Jaguar.
          Havia sete espíritos de mulheres que haviam participado ativamente de muitas encarnações dos Jaguares. Numa dessas encarnações, elas haviam morado na mesma cidade de Pompéia. Essa cidade do império romano tinha sido um balneário, cidade recreio dos ricos romanos e, no período de decadência, se transformado em uma cidade cheia de vícios.
          Um dia, houve uma erupção de um vulcão, o Vesúvio, e Pompéia ficou coberta de cinzas envenenadas, letais. As sete moças morreram nessa tragédia e seus espíritos permaneceram no recolhimento e na revolta. Depois disso, elas encarnaram várias vezes, até atingir a evolução.
          Mas, elas conservavam, ainda, os resíduos de seus compromissos, assumidos na vida leviana que haviam tido anteriormente. Com isso, elas foram incluídas no plano redentor da escravidão. Seis delas nasceram como filhas de escravos e uma numa família de colonizadores portugueses.
          Embora não se conhecessem, pois viviam em fazendas diferentes, elas tinham um traço em comum: não se adaptavam, não aceitavam a sua condição de crioulas escravas. A sétima moça, aquela que havia nascido como branca, também era inconformada com a vida daquele Brasil Colônia e, sempre que podia, procurava a senzala, para conviver com as escravas.
          Uma a uma, as crioulas foram fugindo de suas senzalas e, orientadas pelo plano espiritual, foram se encontrando numa determinada região. Nesse lugar havia uma cachoeira que escondia um ponto da floresta de difícil acesso, e lá elas estabeleceram seu lar.
          Pai João e Pai Zé Pedro, com o conhecimento da missão reservada para aqueles espíritos missionários, encobriam, com suas astúcias de velhos escravos, a escalada das crioulas. A branca e loura sinhazinha, estimulada pelos velhos laços espirituais, também buscou a companhia das crioulas. Certo dia, ela apareceu num barco e trouxe consigo uma enorme bagagem de objetos e alimentos. E, assim, a falange ficou completa.
          A região da cachoeira das crioulas passou a ser um local de encontro de escravos e escravas, que buscavam o lenitivo para sua vida de dores e sofrimentos. Os pretos velhos montavam guarda e usavam todo seu conhecimento da Magia para que os planos tivessem prosseguimento. Os atabaques percutiam nas noites de lua cheia e os escravos dançavam e cantavam.
          Aos poucos, a energia extra etérica foi se juntando com a força mediúnica e as bases da futura religiosidade foram se firmando. A Magia dos Pretos Velhos produzia os fenômenos de contato entre os planos. Usando seus conhecimentos das ervas e das resinas, os velhos escravos materializavam espíritos e faziam profecias dos acontecimentos.
          A cachoeira das crioulas passou a ser um ponto de irradiação de forças espirituais. Tanto os espíritos encarnados como os desencarnados iam se impregnando da Doutrina e formando falanges de futuros trabalhadores na seara do Cristo.
          Estavam, assim, implantadas as raízes do Adjunto de Jurema no Brasil Colônia, em 1700, por aquelas antigas princesas, das quais seis encarnaram como escravas negras e uma como sinhazinha branca. Esta foi Janaína, e as seis foram as gêmeas Jurema e Juremá, mais Iracema, Jandaia, Janara e Iramar, que se reuniram na Cachoeira do Jaguar a Pai João e a Pai Zé Pedro para delinear todo o sistema do Africanismo que chegaria até nós, no Vale do Amanhecer, para formação final do Adjunto de Jurema, na força do Jaguar. Em suas encarnações como escravas, as Princesas realizaram  grandes trabalhos.  
Iramar ficou famosa como a escrava Anastácia, personagem cercada de grandes fenômenos,  com sua boca tampada por uma máscara de ferro, que tem muitos devotos em diversas linhas, embora haja muita controvérsia sobre suas obras e até mesmo sobre sua existência, levantadas por correntes contra o Espiritualismo.
A manutenção da Unificação - trabalho dos Quadrantes - é realizada diariamente, entre 16 e 16,30 horas, como consta no Livro de Leis, sendo cada dia da semana dedicado a uma Princesa e a uma Falange. Assim, temos:
DIA DA SEMANA                  PRINCESA                   FALANGE
  domingo                                 JUREMA                       Sublimação
  segunda-feira                        JANAÍNA                      Consagração
  terça-feira                               IRACEMA                     Sacramento
  quarta-feira                            JANDAIA                      Cruzada
  quinta-feira                             JUREMÁ                       Redenção
  sexta-feira                              JANARA                       Anunciação
  sábado                                   IRAMAR                        Ascensão

“João pregava a Doutrina, o amor, aliviando o chicote dos senhores.
Pai Zé Pedro tocava os tambores para alertar seu povo nas outras fazendas, onde viviam Iracema, Jandaia, Janara e Iramar, contando também com Janaína, pequena sinhazinha que muito amava os Nagôs.
Eram jovens, com apenas 18 anos, que sofriam as incompreensões de suas sinhazinhas e as perseguições e seduções dos seus sinhorzinhos.
Era uma desdita o que, naquele tempo, sofriam aquelas escravas missionárias!
Porém, na senzala de Pai Zé Pedro, tudo ia muito bem. Vinha gente de longe,  e as curas se realizavam com tanto amor que se propagou o Africanismo com a sua presença...
(Tia Neiva, O Amanhecer das Princesas na Cachoeira do Jaguar, s/d)

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