No Brasil Colônia eram grandes os
choques no plano físico. Mas, no mundo espiritual, os planos
prosseguiram com naturalidade, objetivamente. Enquanto os conflitos
sociais agitavam a superfície dos males da alma e do corpo, o espírito
prosseguia tranqüilo nas suas tarefas de reajustes. Nesse período surgiu
o episódio das Princesas de Mãe Yara, reunidas na Cachoeira do Jaguar.
Havia sete espíritos de
mulheres que haviam participado ativamente de muitas encarnações dos
Jaguares. Numa dessas encarnações, elas haviam morado na mesma cidade de
Pompéia. Essa cidade do império romano tinha sido um balneário, cidade
recreio dos ricos romanos e, no período de decadência, se transformado
em uma cidade cheia de vícios.
Um dia, houve uma erupção de
um vulcão, o Vesúvio, e Pompéia ficou coberta de cinzas envenenadas,
letais. As sete moças morreram nessa tragédia e seus espíritos
permaneceram no recolhimento e na revolta. Depois disso, elas encarnaram
várias vezes, até atingir a evolução.
Mas, elas conservavam, ainda,
os resíduos de seus compromissos, assumidos na vida leviana que haviam
tido anteriormente. Com isso, elas foram incluídas no plano redentor da
escravidão. Seis delas nasceram como filhas de escravos e uma numa
família de colonizadores portugueses.
Embora não se conhecessem,
pois viviam em fazendas diferentes, elas tinham um traço em comum: não
se adaptavam, não aceitavam a sua condição de crioulas escravas. A
sétima moça, aquela que havia nascido como branca, também era
inconformada com a vida daquele Brasil Colônia e, sempre que podia,
procurava a senzala, para conviver com as escravas.
Uma a uma, as crioulas foram
fugindo de suas senzalas e, orientadas pelo plano espiritual, foram se
encontrando numa determinada região. Nesse lugar havia uma cachoeira que
escondia um ponto da floresta de difícil acesso, e lá elas
estabeleceram seu lar.
Pai João e Pai Zé Pedro, com o
conhecimento da missão reservada para aqueles espíritos missionários,
encobriam, com suas astúcias de velhos escravos, a escalada das
crioulas. A branca e loura sinhazinha, estimulada pelos velhos laços
espirituais, também buscou a companhia das crioulas. Certo dia, ela
apareceu num barco e trouxe consigo uma enorme bagagem de objetos e
alimentos. E, assim, a falange ficou completa.
A região da cachoeira das
crioulas passou a ser um local de encontro de escravos e escravas, que
buscavam o lenitivo para sua vida de dores e sofrimentos. Os pretos
velhos montavam guarda e usavam todo seu conhecimento da Magia para que
os planos tivessem prosseguimento. Os atabaques percutiam nas noites de
lua cheia e os escravos dançavam e cantavam.
Aos poucos, a energia extra
etérica foi se juntando com a força mediúnica e as bases da futura
religiosidade foram se firmando. A Magia dos Pretos Velhos produzia os
fenômenos de contato entre os planos. Usando seus conhecimentos das
ervas e das resinas, os velhos escravos materializavam espíritos e
faziam profecias dos acontecimentos.
A cachoeira das crioulas
passou a ser um ponto de irradiação de forças espirituais. Tanto os
espíritos encarnados como os desencarnados iam se impregnando da
Doutrina e formando falanges de futuros trabalhadores na seara do
Cristo.
Estavam, assim, implantadas as
raízes do Adjunto de Jurema no Brasil Colônia, em 1700, por aquelas
antigas princesas, das quais seis encarnaram como escravas negras e uma
como sinhazinha branca. Esta foi Janaína, e as seis foram as gêmeas
Jurema e Juremá, mais Iracema, Jandaia, Janara e Iramar, que se reuniram
na Cachoeira do Jaguar a Pai João e a Pai Zé Pedro para delinear todo o
sistema do Africanismo que chegaria até nós, no Vale do Amanhecer,
para formação final do Adjunto de Jurema, na força do Jaguar. Em suas
encarnações como escravas, as Princesas realizaram grandes trabalhos.
Iramar ficou famosa como a escrava
Anastácia, personagem cercada de grandes fenômenos, com sua boca
tampada por uma máscara de ferro, que tem muitos devotos em diversas
linhas, embora haja muita controvérsia sobre suas obras e até mesmo
sobre sua existência, levantadas por correntes contra o Espiritualismo.
A manutenção da Unificação - trabalho
dos Quadrantes - é realizada diariamente, entre 16 e 16,30 horas, como
consta no Livro de Leis, sendo cada dia da semana dedicado a uma
Princesa e a uma Falange. Assim, temos:
DIA DA SEMANA PRINCESA FALANGE
domingo JUREMA Sublimação
segunda-feira JANAÍNA Consagração
terça-feira IRACEMA Sacramento
quarta-feira JANDAIA Cruzada
quinta-feira JUREMÁ Redenção
sexta-feira JANARA Anunciação
sábado IRAMAR Ascensão
Pai Zé Pedro tocava os tambores para
alertar seu povo nas outras fazendas, onde viviam Iracema, Jandaia,
Janara e Iramar, contando também com Janaína, pequena sinhazinha que
muito amava os Nagôs.
Eram jovens, com apenas 18 anos, que
sofriam as incompreensões de suas sinhazinhas e as perseguições e
seduções dos seus sinhorzinhos.
Era uma desdita o que, naquele tempo, sofriam aquelas escravas missionárias!
Porém, na senzala de Pai Zé Pedro, tudo
ia muito bem. Vinha gente de longe, e as curas se realizavam com tanto
amor que se propagou o Africanismo com a sua presença...
(Tia Neiva, O Amanhecer das Princesas na Cachoeira do Jaguar, s/d)
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